
Em um cenário econômico onde a taxa Selic se mantém em um patamar elevado, atualmente em 15% ao ano, os investimentos em renda fixa voltaram a ocupar o centro das atenções para aqueles que buscam retornos consistentes e com menor volatilidade.
O Certificado de Depósito Interbancário (CDI), principal referência para a rentabilidade dos investimentos pós-fixados;
Encerrou o mês de junho com uma alta acumulada de aproximadamente 11,8% nos últimos 12 meses.
No entanto, para os investidores que desejam superar essa marca, o mercado oferece diversas alternativas interessantes, que vão desde títulos públicos e crédito privado até os versáteis ETFs.
Para o planejador financeiro CFP e especialista em investimentos, Jeff Patzlaff, existem diversas estratégias que podem auxiliar o investidor a alcançar uma rentabilidade superior ao CDI.
Contudo, ele ressalta a importância de se atentar tanto ao prazo de aplicação quanto à tributação envolvida em cada tipo de investimento.
Patzlaff destaca que “CDBs com taxas acima de 103% do CDI, Tesouro Selic com spread, como o Tesouro Selic 2028 com SELIC + 0,0522%, e LCIs/LCAs com remunerações superiores a 95% do CDI;
Já representam boas oportunidades, especialmente para aplicações com prazos a partir de dois anos, onde o impacto do Imposto de Renda é menor”.
Títulos Indexados à Inflação e Debêntures Incentivadas: Alternativas com Potencial de Retorno Superior
O especialista também aponta para os títulos públicos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+ de longo prazo, como opções capazes de superar o CDI em cenários de curva de juros nominais elevada.
No entanto, ele faz um alerta importante:
“Esses títulos são mais indicados para investidores que podem manter o papel até o vencimento, uma vez que eles podem sofrer com a marcação a mercado;
Que é a variação do preço dos títulos em função das expectativas do mercado”.
Outra alternativa interessante mencionada por Patzlaff são as debêntures incentivadas, que possuem isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas;
E podem oferecer um rendimento de CDI mais um spread adicional, embora ele observe que esses títulos podem ter uma liquidez menor em comparação com outras opções.
Além dos investimentos em títulos individuais, os fundos de renda fixa e os Exchange Traded Funds (ETFs) também se apresentam como alternativas a serem consideradas pelos investidores que buscam diversificação e rentabilidade superior ao CDI.
Segundo Patzlaff, “Fundos atrelados ao CDI com taxas de administração nulas ou muito baixas, e que adotam uma gestão ativa, podem ser boas opções”.
Ele também ressalta o crescente interesse nos ETFs de renda fixa, que ganham espaço no mercado devido à sua liquidez, diversificação inerente e eficiência tributária.
ETFs de Renda Fixa em Destaque: LFTS11, LFTB11 e GOAT11 no Radar dos Investidores

Os ETFs com ativos indexados ao CDI, em particular, são uma das apostas da Investo, uma plataforma de investimentos.
O LFTS11, por exemplo, apresentou uma rentabilidade de 1,05% no último mês e um retorno acumulado de 12,15% nos últimos 12 meses;
Demonstrando seu potencial em acompanhar e até mesmo superar o CDI.
Outro ETF mencionado é o LFTB11, que possui uma carteira composta por 91% de títulos atrelados à taxa Selic e o restante indexado ao IPCA;
Oferecendo uma combinação de segurança e proteção contra a inflação. Já o GOAT11, um ETF da Itaú Asset, adota uma estratégia mais híbrida;
Combinando 80% de renda fixa atrelada à inflação com uma exposição de 20% ao índice americano S&P 500;
Buscando tanto a proteção contra a inflação quanto um potencial de valorização adicional através do mercado internacional.
A expectativa do gestor para o GOAT11 é de um retorno médio anual de 9%.
A especialista em investimentos e sócia-fundadora da AVG Capital, Andressa Bergamo, explica que “O que realmente determina o desempenho de um ETF é o índice que ele busca replicar”.
Ela observa que ETFs com prazos de vencimento mais longos ou com maior risco de crédito podem ter o potencial de superar o CDI em determinados cenários;
Mas também alerta para a maior volatilidade e sensibilidade desses fundos às mudanças na curva de juros.

Crédito Privado e CRIs/CRAs: Alternativas para Quem Busca Maiores Retornos
Ruam Oliveira, especialista em mercado de capitais e planejador financeiro, compartilha a visão de que;
Para efetivamente superar o CDI, os investidores precisam explorar opções que vão além dos títulos públicos tradicionais.
Ele destaca os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) como excelentes alternativas;
Por serem lastreados em recebíveis e oferecerem taxas de rentabilidade superiores ao CDI, com prazos de investimento variados e, muitas vezes, pagamentos de cupons periódicos.
Oliveira enfatiza que o investidor deve considerar três aspectos cruciais ao avaliar essas opções:
O nível de risco que está disposto a correr, o prazo de permanência do investimento e o cenário macroeconômico vigente.
No segmento de crédito privado, a lógica é clara: um maior potencial de retorno geralmente está associado a um maior nível de risco.
No entanto, Oliveira ressalta a importância de uma análise criteriosa e da diversificação da carteira ao investir em crédito privado.
Ele sugere que “Papéis de empresas sólidas, com boas classificações de risco e atuantes em setores resilientes da economia;
Como energia, infraestrutura ou agronegócio, podem ser boas apostas”.
Os fundos de crédito privado também ganham destaque entre os investidores, especialmente por oferecerem isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas.
E ainda apresentarem um bom desempenho em diferentes janelas de tempo.
Andressa Bergamo, da AVG Capital, complementa que “ETFs são uma ferramenta valiosa para a diversificação automática, mas nem todos conseguem superar o CDI.
É fundamental entender que muitos desses fundos replicam índices conservadores, como o próprio CDI ou a taxa Selic;
E, portanto, tendem a ter uma rentabilidade bastante próxima a esses indicadores”.
Fundos de Debêntures Incentivadas e Outras Opções no Mercado
Entre os produtos disponíveis no mercado, o Fator Debêntures Incentivadas FI RF CP tem chamado a atenção pelo seu histórico de retornos consistentemente acima do CDI.
De acordo com dados do próprio gestor, o fundo acumula uma valorização superior a 119,43% ;
Desde o seu início e entregou um rendimento de 12,80% nos últimos 12 meses, até o dia 2 de julho de 2025.
Outro fundo que merece destaque é o AZ Quest Debêntures Incentivadas FIM CP;
Que também concentra seus investimentos em ativos de infraestrutura e integra a estratégia de crédito da AZ Quest, com foco em emissores considerados de alta qualidade (high grade).
Em maio de 2025, este fundo entregou um retorno de 0,53%, superando o IMA-B5 (0,62%) e ficando um pouco abaixo do CDI (1,14%) no mesmo período.
Além disso, a própria AZ Quest oferece outra opção de fundo de crédito com um perfil mais conservador, o AZ Quest Luce FIC FI RF CP LP, acessível ao investidor em geral.
A estratégia deste fundo se baseia na alocação majoritária em títulos bancários e debêntures com alta liquidez e baixo risco de crédito;
Buscando manter uma carteira de perfil defensivo e com facilidade de resgate para os investidores.
Diversificação e Análise são Chaves para Superar o CDI na Renda Fixa

Diante do cenário atual de taxa Selic elevada, o mercado de renda fixa oferece diversas oportunidades para os investidores que buscam retornos superiores ao CDI.
No entanto, é crucial lembrar que cada tipo de investimento possui suas próprias características, prazos, níveis de risco e tributação.
A diversificação da carteira e uma análise cuidadosa do perfil de risco e dos objetivos financeiros de cada investidor;
São passos essenciais para tomar decisões de investimento conscientes e bem-sucedidas.
Explorar opções como CDBs com taxas diferenciadas, Tesouro Selic com spread, LCIs e LCAs, títulos indexados à inflação, debêntures incentivadas, fundos de renda fixa e ETFs;
Pode ser uma estratégia eficaz para turbinar seus investimentos em renda fixa e alcançar seus objetivos financeiros.
